Processo de impeachment precisa de aprovação na Câmara e no Senado

A presidente Dilma Rousseff poderá responder a um processo de impeachment – o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), aceitou o pedido de abertura do processo feito por três advogados. O mecanismo é o mesmo que, em 1992, levou à queda do então presidente Fernando Collor de Mello.

Entenda mais sobre o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

O que é o impeachment e quando pode ser aplicado?

Impeachment é um processo de natureza político-jurídica instaurado para apurar a responsabilidade, devido a delito grave ou má conduta no exercício da função, do presidente da República e de outras autoridades como ministros de Estado e do Supremo Tribunal Federal (STF).

O mecanismo geralmente é iniciado a partir de uma denúncia. Processos semelhantes podem ocorrer nas Assembleias Legislativas, para levar à queda de governadores, e nas Câmaras de Vereadores, em relação a prefeitos. Se condenado, o mandatário perde o cargo.

Impeachment de Dilma Rousseff Fernando Collor

Atualmente senador, o ex-presidente Fernando Collor sofreu um impeachment em 1992. Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

O que é crime de responsabilidade?

O crime de responsabilidade se diferencia do crime comum porque diz respeito a atos irregulares cometidos por autoridades em função do cargo que ocupam. Portanto, um cidadão comum não pode ser enquadrado nesse delito porque não ocupa cargo público.

É crime de responsabilidade, por exemplo, quando o presidente atenta contra o livre exercício dos demais poderes da República, ou contra a probidade administrativa.

Quem pode pedir o impeachment de um presidente?

Qualquer cidadão pode pedir a abertura de um processo de impeachment, desde que encaminhe uma denúncia por crime de responsabilidade à Câmara dos Deputados. A denúncia deve ser assinada com firma reconhecida e acompanhada dos documentos que a comprovem – ou de declaração de impossibilidade de apresentá-los, com indicação do local onde possam ser encontrados.

Se houver prova testemunhal, a denúncia deve conter a indicação de pelo menos cinco testemunhas.

Quem pediu o impeachment de Dilma Rousseff?

O pedido de impeachment foi registrado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Junior no 4º cartório de notas de São Paulo. O documento também é assinado pela advogada Janaina Paschoal, professora da Universidade de São Paulo, e por representantes de movimentos contra a corrupção.

O que foi alegado no pedido de impeachment contra Dilma?

O pedido encaminhado ao Congresso e aceito por Eduardo Cunha é baseado nas chamadas “pedaladas fiscais”, prática atribuída ao governo de atrasar repasses a bancos públicos a fim de cumprir as metas parciais da previsão orçamentária. A medida atentaria contra a probidade da administração e contra a lei orçamentária.

A denúncia alega que houve crime de responsabilidade, uma das hipóteses em que um presidente poderia ser impedido de continuar exercendo seu mandato.

Impeachment de Dilma Rousseff Eduardo Cunha

Eduardo Cunha, presidente da Câmara, acatou o pedido de impeachment de Dilma. Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

O que Eduardo Cunha considerou para aceitar o pedido de impeachment?

O presidente da Câmara argumentou que a presidente Dilma editou decretos liberando crédito extraordinário, em 2015, sem o aval do Congresso, somando R$ 12,5 bilhões.

“Nesse particular, entendo que a denúncia oferecida atende aos requisitos mínimos necessários, eis que indicou ao menos seis decretos assinados pela denunciada no exercício financeiro de 2015, em desacordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e, portanto, sem autorização do Congresso Nacional”, escreveu Eduardo Cunha.

O que acontece após a autorização do processo de impeachment?

A autorização para a instauração do processo de impeachment foi apenas o primeiro passo. O pedido ainda será analisado por uma comissão especial formada por deputados de todos os partidos, proporcional ao tamanho de cada bancada.

A presidente Dilma Rousseff terá um prazo para apresentar sua defesa. A comissão, então, emitirá um parecer a favor ou contra a abertura do processo, que vai a votação em plenário.

Se o processo de impeachment receber o voto de dois terços dos deputados (342 votos dos 513 deputados), a presidente será afastada do cargo por 180 dias, e o processo irá a julgamento no Senado.

Entre os senadores, a sessão que decidirá sobre o impeachment será presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). O impeachment só será aprovado se dois terços (54) dos 81 senadores votarem a favor.

Se Dilma for absolvida no Senado, ela reassume o mandato imediatamente. Se for condenada, a presidente é automaticamente destituída, e o vice-presidente, Michel Temer, é empossado.

Caso o vice-presidente não possa assumir o cargo, por qualquer razão, a Constituição estabelece que são convocados a assumir a Presidência, sucessivamente, o presidente da Câmara, o presidente do Senado e o presidente do STF.

Impeachment de Dilma Rousseff Pronunciamento

A presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento após Cunha aceitar o pedido de processo de impeachment

O que a presidente Dilma falou sobre o pedido de impeachment?

A presidente Dilma Rousseff negou a existência de “atos ilícitos” em seu governo. A petista disse ter recebido a decisão de Cunha com “indignação”.

“São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público”, afirmou a presidente.

Com informações do G1 e da Zero Hora.

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