Pavel Durov, CEO do Telegram, foi preso na França sob suspeita de que a plataforma de mensagens não combateu adequadamente crimes cometidos através do aplicativo, incluindo a disseminação de material de abuso sexual infantil.

O empresário de 39 anos, nascido na Rússia, foi detido no sábado (24) no aeroporto de Le Bourget, ao norte de Paris, segundo comunicado da promotora de Paris, Laure Beccuau.

No domingo, um juiz prolongou sua detenção de 24 para até 96 horas.

Antes do fim desse período, na noite de quarta-feira (28), o juiz decidirá se apresentará acusações formais contra Durov ou se o liberará, nomeando-o como testemunha na investigação.

Durov está sendo interrogado como parte de uma investigação iniciada por uma unidade de crimes cibernéticos do Ministério Público de Paris.

Os juízes encarregados do caso estão examinando uma série de acusações, incluindo a recusa em colaborar com as autoridades para realizar escutas em suspeitos, permitir a venda de material de abuso sexual infantil e facilitar o tráfico de drogas.

Nesta segunda-feira (26), um representante de uma agência francesa, criada no ano passado para prevenir a violência contra menores, comentou no LinkedIn que o processo está focado na “falta de moderação e cooperação da plataforma”.

Em uma declaração divulgada no domingo (25) pela empresa, sediada em Dubai, o Telegram afirmou que Durov “não tem nada a esconder” e que a plataforma cumpre as leis europeias.

“É absurdo sugerir que uma plataforma ou seu proprietário sejam responsáveis pelo uso indevido dessa plataforma”, afirmou a empresa. “Estamos esperando uma resolução rápida desta situação.”

O Telegram foi fundado por Durov e seu irmão Nikolai, um programador e matemático, e se tornou um dos aplicativos de mensagens mais populares do mundo, com 900 milhões de usuários ativos.

A abordagem relativamente permissiva da empresa em relação à moderação de conteúdo gerou críticas de que a plataforma é frequentemente usada para atividades criminosas e disseminação de material extremista.

Antes de criar o Telegram, os irmãos Durov acumularam sua fortuna ao fundar a rede social VKontakte em 2006, que rapidamente se popularizou na Rússia, levando Pavel Durov a acumular um patrimônio de mais de US$ 9 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

Esse sucesso também fez de Durov um alvo do Kremlin, o que o levou a fugir da Rússia em 2014 e a vender sua participação no VKontakte.

Atualmente residente em Dubai, Durov possui cidadania francesa e dos Emirados Árabes Unidos, de acordo com o site do Telegram. Ele não fez comentários sobre a possível renúncia de sua cidadania russa.

Após a prisão de Durov, a embaixada russa em Paris declarou ter solicitado imediatamente explicações às autoridades francesas e exigido a proteção de seus direitos, além de acesso consular.

A embaixada também afirmou estar em contato com o advogado de Durov.

O presidente francês Emmanuel Macron declarou na plataforma X que a prisão de Durov “não foi uma decisão política” e que a decisão sobre o caso caberá aos juízes.

“O sistema judicial aplicará a lei de forma independente”, afirmou Macron.

FONTE: infomoney

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