Antes de se assustar com o título do artigo, esclareço que estou usando uma metáfora.

Vivenciamos uma era em que os indivíduos dentro dos escritórios jurídicos tornaram-se tão importantes que nunca antes havíamos vivenciado.

Óbvio que pessoas são importantes. Óbvio que igualmente são substituíveis. Óbvio que cada talento tem a sua contribuição para a equipe. Mas não podemos esquecer que são remunerados para isto.

Daí o porque de usar o tema da adoção.

Impressionante como alguns sócios adotam colaboradores como se fossem filhos, protegendo-os de tudo e de todos, inclusive verbalizando este “amor” contra o próprio negócio.

É notório que temos maior afinidade com algumas pessoas do que com outras e isto faz parte da vida, contudo, ao pensar em um negócio devemos ser mais objetivos e menos emocionais.

Quem foi contratado, por melhor que seja, está sendo remunerado pelo trabalho que presta e pode e deve ser valorizado, crescer como carreira e se desenvolver num ambiente sadio corporativo.

Pois bem. O que isto tem a ver com quem trabalha de forma protegida por um sócio/diretor/gerente?

Simples: O protegido acha que pode fazer qualquer trabalho que o superior irá aceitar. Os colegas reclamam e nada é visto, verificado, apenas o protegido mais uma vez é protegido e nada avança.

Pior ainda do que ser o próprio protegido – ao meu ver pura mediocridade de quem aceita este tipo de tratamento – é quem protege elencar os motivos do porque proteger: geralmente passa pelo coitado, cresceu pobre, passa fome, tem dificuldades de aprender, entre outras.

E neste quesito, se difere em muito da adoção da vida real, pois quem adota, faz um ato por amor. Quem protege não está amando, está transformando o seu protegido em alguém pior a cada dia, ao invés de oportunizar a ele crescimento e maior rentabilidade futura.

Se der a ele tudo pronto, nunca criticar o trabalho, não mostrar o que está errado, apenas ocultar, deixar assim, e nada fazer, o protegido será sempre alguém bom para os olhos de quem o protege, mas visto a todos que aquela pessoa não serve a organização.

E uma organização é uma engrenagem viva. Pessoas vem e vão. E quem fica tem os parâmetros daquele que contrata e demite (se é que demite). Então, se não gosta das pessoas ou tem problemas de relacionamento interno, ou ainda pessoais, pense bem em quem contrata, quem demite e principalmente quem permite as pessoas ficarem ou não. Isto faz toda a diferença.

Adotar?

Sim, na vida real milhares de crianças precisam deste gesto de amor e verdade.

Adotar no ambiente corporativo?

Não, isto só traz prejuízo e mazelas a equipe, inclusive ocasionado a perda daquelas pessoas boas, que desenvolvem/trabalham mas não são “protegidas” seja por quem for.

E para você gestor, #FicaaDica:

Pense racionalmente nas suas atitudes. Toda vez que precisar usar de coitadinho ou sentimentos para justificar aumentos, saídas, faltas, crescimento, empréstimo de dinheiro entre outros, saiba que você está errado. Simples assim.


Texto originalmente publicado no Blog do Dr. Gustavo Giraldello, professor do Curso de Extensão Gestão de Escritório de Advocacia do Verbo Jurídico.

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Consultor nas áreas de gestão e tecnologia estratégicas, sócio da Consultoria Gustavo Giraldello e professor da Verbo Jurídico. Contato: [email protected] / +55 (51) 98163.3333

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