Qual a marca jurídica de um escritório?

O nome de seus fundadores? Ou os valores que carrega em cada pessoa que lá trabalha? Ou ambos?

E sendo ambos, qual a marca que hoje impera no seu negócio?

Uma história antiga pode nos ensinar um pouco sobre o tema, por Patrícia Pinheiro:

Os dourados da vida: sobre a essência do Pequeno Príncipe que existe em você

Esses dias, dando uma bisbilhotada na biblioteca da faculdade – gastar tempo escolhendo livros nas prateleiras é quase tão divertido quanto lê-los -, me deparei com um exemplar de “O Pequeno Príncipe” e, então, decidi que havia chegado o momento de, pela primeira vez, lê-lo.

A leitura me proporcionou um entendimento mais profundo e contextualizado de passagens mágicas como “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”; “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz” e “O essencial é invisível aos olhos”, que já me eram familiares há anos e das quais sempre gostei bastante.

Mas, foi a seguinte passagem, que ainda não era do meu conhecimento, que mais me intrigou e me convidou a refletir: “Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…”

O trigo que, antes, não passava de uma gramínea para a raposa, nunca mais será visto com os mesmos olhos: seu dourado, que é o mesmo dos cabelos daquele que o cativou, o impregnará de significado; fará com que evoque sentimentos de amor, pois ele passará a ser, também, – e para sempre- o Pequeno Príncipe.

O dourado do trigo está nos cheiros: certa vez, fui cumprimentar um desconhecido e, ao abraçá-lo, ele rapidamente constatou que eu usava o mesmo perfume que sua namorada. “Nossa, a Karine está aqui”, ele disse. Está no cheiro do cloro que me remete às tardes da minha infância em que murchava na piscina. No cheiro de gasolina que entra pelas minhas narinas e que instantaneamente me transporta para as longas viagens de carro que já fiz com meus pais.

O dourado do trigo está nos sons: você pode até não gostar muito de uma determinada música, mas, a partir do momento em que ela for – por acaso ou não – trilha sonora de momentos, ou, até mesmo, de fases da sua vida, observe como seu corpo reagirá fisicamente a ela das mais diferentes formas.

O dourado do trigo está no vermelho do banco que testemunhou nosso primeiro beijo; no amarelo da casa que abrigou nossa infância; no azul das paredes do hospital que zelaram a doença do seu pai.

O dourado do trigo está em tudo aquilo que, por remeter – ainda que inconscientemente – a algo que é nosso, que nos toca, deixa de ser apenas objeto, som, cheiro ou cor e vira materialização do que é invisível.

Nossa história de vida vai deixando marcas e modificando a forma com que significamos tudo aquilo que nos rodeia, e esse é um dos preços mais bonitos que pagamos por estarmos vivos e nos deixarmos cativar; é o que nos faz capazes de amar os barulhos do vento no trigo.

Leia mais: http://www.fasdapsicanalise.com.br/os-dourados-da-vida-sobre-a-essencia-do-pequeno-principe-que-existe-em-voce/#ixzz4C3lDn1u8

Qual o dourado do trigo da sua marca jurídica?

Quais os valores ali intrínsecos? A marca é a percepção dos valores lá contidos.

Não a missão, valores e visão. Isto deixe para enfeitar paredes. Vamos falar da marca que o mercado reconhece o seu negócio. A marca que os colaboradores divulgam em suas redes sociais. A marca que as atitudes diante dos processos que lhe são confiados são realizados.

É amigo advogado, sua marca vai além de quadros na paredes feitos pra bonito e para parecer moderno.

Por isto não acredito em metodologias prontas. Precisamos interagir com as pessoas, conhecer seus valores, seus princípios, suas verdades, seus porquês…  Pois somos o agimos conforme o que somos.

Se cada colaborador for a “cara” da sua empresa, com os mesmos valores dos fundadores, com a mesma visão para com o cliente, isto sim fará a perpetuação da marca.

Deixe os quadros de missão, valores e visão na parede. Parta para a ação do seu negócio. Marca jurídica é muito mais do palavras. É atitude. É ação concreta, real, direcionada.

Comece hoje a perpetuar a sua marca jurídica dando estes valores através de exemplos, de treinamentos, de continuidade do seu negócio. Amanhã pode ser que você tenha apenas os quadros para alentar uma marca que não subsistiu ao tempo.

Acredite na sua marca, seus valores, suas verdades e lidere a equipe para este objetivo. O resto é falácia.


Texto originalmente publicado no Blog do Dr. Gustavo Giraldello, professor do Curso de Extensão Gestão de Escritório de Advocacia do Verbo Jurídico.

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Consultor nas áreas de gestão e tecnologia estratégicas, sócio da Consultoria Gustavo Giraldello e professor da Verbo Jurídico. Contato: [email protected] / +55 (51) 98163.3333

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